segunda-feira, 25 de março de 2013

Terapia Equina: Intervenção a brincar ou estamos mesmo a trabalhar?

  Frequentemente os técnicos de educação e saúde dão consigo tão "embrenhados" na linguagem e abordagens que partilham em comum que é necessário relembrar-mo-nos que para quem observa de fora aquilo que estamos a fazer pode não ser tão claro quanto isso. Frequentemente quem observa de fora pode achar que não estamos a fazer mais do que simples conversa ou brincadeira, ou por outro lado, que somos "picuinhas" demais com a forma como as coisas devem ser feitas, não deixando espaço para o espontâneo acontecer. Enquanto profissionais não devemos em nenhum dos casos sentir-nos ameaçados com tais perceções mas antes abraçá-las como oportunidades para informar e educar as pessoas a respeito do trabalho que estamos a desenvolver. Uma boa intervenção é sem dúvida aquela em que conseguimos aliar a espontaneidade da interação com as atividades ou assuntos que pensamos abordar e desenvolver. Dessa forma priveligiamos a condição humana e individualidade dos nossos clientes sem abandonar os objetivos de trabalho que nos movem e que foram em primeiro lugar, a razão pela qual procuraram os nossos serviços.
  É frequente as nossas sessões assemelharem-se a simples jogos, afinal de contas é isso que pretendemos quando pensamos nelas! As nossas sessões caracterizam-se pela crença que os seres humanos aprendem melhor quando estão envolvidos em jogos e atividades que são simultaneamente desafiantes e lúdicos. Os seres humanos podem em qualquer idade aprender e re-aprender em contextos que vão além da rigidez e/ou inflexibilidade muitas vezes encontradas em sala de aulas "normais" ou abordagens de trabalho mais tradicionais, como as que somente utilizam o canal de comunicação verbal. Isto não retira nem diminui a seriedade e exigência dos tais jogos que estamos a desenvolver. Pelo contrário, estes jogos têm regras e estratégias que são pensadas com bastante detalhe. É aqui que quem vê de fora pode achar que estamos a ser "picuinhas" e não atendemos à espontaneidade do momento. Ora, uma intervenção para ter caráter terapêutico ou educacional,  não pode ser deixado ao acaso. Para agirmos sobre uma determinada realidade é necessário conhecê-la e pensar sobre ela! Pensemos em dificuldades de aprendizagem em idade escolar. Não é possível ensinar esquerda/direita, dentro/fora, rápido/lento, conceitos numéricos e competências motoras a uma criança  quando somos nós que lhe damos a resposta a essas perguntas, quando aceitamos, sem discriminação entre si, uma resposta certa, uma mais ou menos e uma errada! É preciso ensiná-la a pensar e a discriminar esses conceitos para que consiga mais tarde transferi-los para outros contextos, como por exemplo a matemática, a escrita ou educação física. E isto não acontece sem serem pensadas as atividades, as estratégias e avaliadas as respostas. Isto também não acontece colocando de lado a interação espontânea pois é ela e a flexibilidade dos técnicos para a inlucir nas sessões, que torna possível ao clima de aprendizagem ser mais individualizado, livre de stress e enriquecedor. Portanto, pensemos nos assuntos com seriedade mas não nos esqueçamos de brincar!

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