Caminha-se com pressa, melhor, faz-se tudo com
pressa. O ritmo acelerado oferecido pela gloriosa revolução industrial produziu
efeitos em massa a longuíssimo prazo. Vivemos com pressa e chegamos a SER
pressa. Os avanços da tecnologia em múltiplas áreas permitiu-nos chegar mais
longe em menos tempo e ansiar por mais longe e mais rápido ainda. Esquecemos de
respirar. Esquecemos de praticar a paciência, a resiliência. Beijamos à pressa
e se necessário for, choramos à pressa também, para que a dor, venha ela de
onde vier, passe depressa. Sofremos à pressa, pensamos à pressa ou não pensamos
de todo.
Aprendemos depressa apenas para aprender que não aprendemos bem, ou
pior, que não aprendemos de todo. O ser
humano e a vida não são objetivos em si mesmos, mas antes lentos e subtis
processos de construção que implicam aprendizagens nem sempre rápidas, mas não
por isso menos reais e transitórias, para novas etapas, evoluções. É preciso pois não ter pressa, praticar a paciência para
com a vida, os seus processos, os seus desafios e também os sucessos.
As derrotas, tais como os sucessos, devem ser também
saboreados. Não tenhamos pressa de conhecer a que sabe um e a que sabe o
outro. Frequentemente os clientes chegam até nós com pressa de ficar bem. Os
pais chegam aflitos e com pressa de que os filhos fiquem bem. As expectativas
foram e vão sendo variadas vezes construídas à pressa e por isso, pouco
reflexivas. As aprendizagens e melhorias acontecem na saúde e na educação mas
levam o seu tempo, usam o relógio de cada um de nós e é importante ter paciência
para saber respeitar o processo e puder observar as melhorias em que ele se vai
traduzindo. Os técnicos de saúde e professores às vezes também sentem pressa.
Ver os resultados das suas reflexões e práticas é tanta vez a força motriz de
quem está nesse papel! Mas é necessário ter calma. Avaliar, reavaliar,
refletir, experimentar e, tão ou mais importante, dialogar: com os seus
clientes e com os seus colegas. É na partilha de informação e idéias que
crescemos e avançamos.
Concentremo-nos em dar o nosso melhor todos os dias, estudemos todos os
assuntos que ainda não conhecemos ou já não lembramos tão bem. Sejamos
rigorosos com a qualidade do trabalho que fazemos, sem deixar de lado espaço
para ser flexível e improvisar. Tenhamos pressa em "andar" mais devagar
para que consigamos chegar mais longe. Celebremos os pequenos sucessos e
dificuldades do dia a dia pois eles são a plataforma para o "mais
além".